Ombro e Cotovelo

Dor de cotovelo: O que é preciso saber sobre Epicondilite

A epicondilite, frequentemente referida como cotovelo do tenista ou cotovelo do golfista, é uma patologia que afeta tendões que se inserem nas eminências ósseas do cotovelo. Os dois principais tipos são epicondilite lateral (cotovelo do tenista) e epicondilite medial (cotovelo do golfista).

A epicondilite tem causa frequente no esforço repetido dos músculos e tendões do antebraço. Os atos de segurar, torcer ou levantar objetos pesados podem contribuir para o seu desenvolvimento. Os esforços repetidos, a prática de desporto com técnicas inadequadas ou o uso constante do computador também podem também estar na génese desta condição.

O sintoma mais frequente em indivíduos com epicondilite é a dor no lado lateral ou medial do cotovelo, que pode irradiar para o antebraço e punho, com agravamento quando se levantam objetos. Podem também referir sensibilidade ao toque e dificuldade em executar atividades habituais dia-a-dia. Inchaço e rigidez podem acompanhar esses sintomas.

O diagnóstico é efetuado através da clínica, pela descrição dos sintomas e observação do paciente. Pode ser confirmado por exames imagiológicos como a ecografia.

O tratamento para esta patologia evoluiu nos últimos anos, com novas técnicas que visam maximizar a recuperação e minimizar o tempo de inatividade. O tratamento conservador inicial mantém-se como primeira linha de tratamento e consiste em repouso, gelo e anti-inflamatórios não-esteroides. A fisioterapia também desempenha um papel fundamental na recuperação, fortalecendo os músculos e proporcionando alívio da dor

Quando os esforços do tratamento conservador e da fisioterapia não conseguem resolver as queixas associadas à epicondilite, outras abordagens não invasivas podem ser consideradas. Injeções de corticosteroides são uma opção, proporcionando efeitos anti-inflamatórios que aliviam a dor e o inchaço. Paralelamente, a terapia com plasma rico em plaquetas (PRP) envolve a administração de uma solução concentrada de plaquetas do próprio paciente na área afetada, estimulando a reparação tecidual e acelerando o processo de cicatrização.

Em situações mais desafiadoras, quando as opções anteriores não são eficazes, o desbridamento cirúrgico do tendão pode ser considerado. No entanto, essa técnica, desencorajada nos estudos atuais, tem sido substituída por abordagens mais modernas. Procedimentos guiados por ecografia, como o dry needling, envolvem punções repetidas com agulha para estimular a cicatrização do tendão, muitas vezes combinadas com a instilação de PRP.

Outros métodos mini-invasivos, realizados através de pequenas incisões com visualização por endoscopia, visam reduzir cicatrizes e acelerar o processo de recuperação,  proporcionando uma visualização precisa e uma intervenção direcionada. Essa abordagem otimizada não apenas melhora os resultados do tratamento, mas também minimiza a perturbação aos tecidos circundantes.

Para prevenir a epicondilite, podemos incorporar alguns passos na nossa rotina de acordo com o tipo de atividade:

  • Incorporar rotinas adequadas de aquecimento e alongamentos antes de iniciar esforços repetidos;
  • Fazer pausas regulares quando é usado o computador de forma prolongada;
  • Usar equipamentos ergonômicos e realizar atividade física com atenção à técnica adequada.

Ana Cristina Lopes – Interna de Formação Específica de Ortopedia do Centro Hospitalar do Oeste

O que é uma tendinite?

Uma tendinite é um processo inflamatório de um tendão. Um tendão é a estrutura pela qual o músculo se insere no osso, levando assim ao movimento das articulações. Quando o musculo e o tendão são muito solicitados, por exemplo em tarefas repetitivas, origina-se um processo inflamatório do tendão e da sua baínha originando dores, que na fase inicial são associadas á execução da tarefa. Com a manutenção da atividade o quadro acentua-se e a dor passa a estar presente mesmo em repouso podendo inclusivamente perturbar o sono. No ombro, portanto, a grande maioria das tendinites são de origem mecânica, devido a tarefas repetitivas ou mantidas durante longos períodos. Como exemplos temos os trabalhos em linhas de montagem, o uso diário e prolongado do computador e a prática incorreta ou intensiva de uma atividade desportiva.

O que é uma Periartrite do Ombro?

Este termo foi muito utilizado no passado para designar qualquer processo inflamatório á volta (peri) do ombro. Por ser muito vago e pouco específico deve ser cada vez menos utilizado, preferindo-se cada vez mais que os diagnósticos identifiquem a estrutura lesada e façam referência ao mecanismo de produção da lesão, para que o médico possa estabelecer o tratamento mais adequado. Por exemplo: Tendinite calcificada do tendão do músculo supra espinhoso

O que é uma Capsulite Adesiva ou Ombro Congelado?

Trata-se de um quadro clínico mais frequente no sexo feminino, entre os 45 e os 55 anos, que se caracteriza por dores ao movimento e em repouso, sobretudo noturnas. A característica principal desta entidade é, no entanto, a diminuição progressiva da mobilidade do ombro com aumento das dificuldades em efetuar tarefas simples como vestir-se e fazer a sua higiene pessoal.

O que é uma calcificação?

Os tendões do ombro podem ter calcificações. Trata-se, portanto, do depósito de sais de cálcio no interior dos tendões, devido á existência de uma inflamação (tendinite) mantida.

O que é uma infiltração?

Uma infiltração é o ato médico em que através de uma injeção, se introduz um medicamento em determinada região. No ombro as infiltrações podem ser muito úteis quando utilizadas adequadamente: nos processos inflamatórios agudizados em que o doente tem dores muito intensas no ombro que lhe impedem qualquer movimento e não deixam dormir, na sequência do tratamento das inflamações dos tendões (tendinites) que não cedem com a fisioterapia e nos casos de capsulite adesiva.

Porque doi o ombro?

Se excluirmos as causas traumáticas as principais causas de dor no ombro são as inflamações dos tendões do ombro (tendinites). Causa menos frequentes são a capsulite adesiva e as artroses das articulações da região do ombro. Normalmente a dor que tem a sua origem no ombro é referida pelo doente á face externa do braço. Dor com origem noutros locais como por exemplo a coluna cervical pode ser confundida com a dor que tem origem no ombro. Para fazer o diagnóstico diferencial o médico dispõe de vários testes clínicos que lhe permitem durante a observação estabelecer qual a origem mais provável da dor.

Doí-me o ombro. Que fazer?

Se a dor for muito intensa, aumentando com qualquer movimento e impedindo o sono deve recorrer a um Serviço de Atendimento Permanente. Se tem dores ligeiras em tarefas de vida diária, como manter os braços elevados, vestir a roupa e pôr o cinto do carro, deve procurar o seu médico, marcando uma consulta normalmente. Não se trata de uma situação urgente, mas que deve ser controlada e não negligenciada.

Quais os principais métodos de tratamento que se aplicam ao ombro?

O ombro depende muito do equilíbrio mecânico entre os vários músculos e tendões que o controlam. A grande maioria dos problemas do ombro advém da perda desse equilíbrio. Daqui que a fisioterapia seja um dos tratamentos mais importantes nos problemas do ombro. Os medicamentos anti-inflamatórios e as infiltrações podem ser coadjuvantes importantes. Em alguns casos a cirurgia está indicada.

A cirurgia ao ombro tem bons resultados?

A excelência do exame médico, os novos métodos de diagnóstico e os novos conceitos sobre as doenças do ombro, aliados a melhores e menos invasivas técnicas cirúrgicas, melhoraram muito os resultados da cirurgia do ombro. Nos últimos 20 anos assistiu-se, a nível mundial, a grande desenvolvimento da cirurgia do ombro, sobretudo pela aplicação de uma técnica minimamente invasiva a artroscopia. A utilização desta técnica permite visualizar a articulação do ombro na sua forma natural de funcionamento, sendo, portanto, um importante auxiliar de diagnóstico. É possível efetuar por esta via algumas intervenções cirúrgicas. Este facto permitiu aumentar muito o conforto dos doentes no pós-operatório, diminuir os tempos de internamento e permitir manter a atividade desportiva ao mesmo nível competitivo.

O que é a Osteoartrose?

A osteoartrose (OA), muitas vezes referida como Artrose, é o desgaste e destruição da cartilagem articular que reveste a superfície de contacto entre os ossos.

A cartilagem articular diminui a fricção dentro da articulação, permitindo movimentos amplos, contínuos e sem dor. Quando danificada, a superfície articular torna-se irregular e desgastada, levando progressivamente a deformação, dor e incapacidade para o movimento.

Qual é a anatomia do ombro?

O ombro é constituído por 3 ossos (úmero, omoplata e clavícula) que formam entre si 2 articulações:

Articulação gleno-umeral – responsável pela maior parte do movimento do ombro. É constituída pela cabeça do úmero, e a cavidade glenoideia da omoplata.
Articulação acrómio-clavicular – menos móvel, utilizada sobretudo na elevação do braço acima do ombro. É constituída pelo acrómio (parte da omoplata) e a clavícula.

Estas articulações funcionam e são mantidas em posição à custa de uma cápsula, que envolve a articulação, e de ligamentos que a reforçam. A coifa dos rotadores, um conjunto de tendões e músculos, é também fundamental no movimento e estabilização do ombro.