24/10/2024
Nos dias 17 e 18 de outubro de 2024, realizou-se mais uma sessão subordinada ao Programa de Apoio ao Internato de Ortopedia (P.A.I.O.), desta vez dedicada à discussão detalhada da anatomia e técnicas cirúrgicas associadas às vias de abordagem anca e bacia. O evento foi conduzido em dois momentos, envolvendo uma sessão teórica online e um workshop prático de dissecação.
Com moderação de Pedro Dantas, da ULS S. José, a sessão teórica, realizada na noite de 17 de outubro, focou-se na anatomia cirúrgica da anca e bacia, proporcionando uma visão aprofundada das abordagens cirúrgicas mais utilizadas. “Escolhi para a sessão vias que são menos utilizadas no dia a dia”, revelou o moderador ao destacar o fator diferencial da atividade.
Igor Martins, do Hospital da Luz Setúbal, foi o responsável por iniciar a iniciativa com uma apresentação sobre a abordagem pela via iliofemoral. “Esta abordagem anterior da bacia permite uma exposição de toda a fossa ilíaca, incluindo a face anterior sacroilíaca, mais posteriormente. Anteriormente, podemos expor a iminência iliopectínea e a metade lateral do ramo iliopúbico. Mais distalmente, podemos aceder à anca fazendo uma artrotomia anterior da anca, quando necessário”, explicou o palestrante.
De seguida, interveio Filipe Serra de Oliveira, que abordou as complexidades da luxação cirúrgica da anca. “A luxação cirúrgica é uma técnica que foi desenvolvida para a cirurgia conservadora da anca, mas depois a sua aplicabilidade estendeu-se a outras áreas”, esclareceu o especialista.
Por sua vez, António Seco, do Hospital CUF Sintra, focou a sua apresentação na abordagem pela Via Stoppa e Janela Lateral, destacando as vantagens desta técnica em determinados contextos clínicos. “A via de Stoppa é uma via extremamente versátil e cada vez mais em voga na Traumatologia, no tratamento do trauma pélvico e acetabular. Em termos de história, foi descrita em 1975, por Rene Stoppa, para reparação das hérnias da parede abdominal e, posteriormente, modificada para abordagem pélvica e acetabular, portanto, uma abordagem intrapélvica extraperitoneal”, contextualizou o ortopedista.
O conjunto de palestras continuou com António Camacho, do CRI-TO e ULS S. José, que discutiu a abordagem pela via Kocher-Langenbeck, indicada para “fraturas em que o principal componente a necessitar de redução seja posterior”.
Por fim, seguiu-se Joaquim Brito, do Hospital CUF Tejo, que encerrou a componente teórica com a abordagem posterior para a sacro ilíaca, uma área de grande relevância para as intervenções cirúrgicas na bacia. “Quando olhamos para a articulação sacro-ilíaca temos de ter a noção que é uma das articulações menos frequentemente abordadas. Existem duas abordagens possíveis, a anterior e posterior”.