Yves Herontin, António Maestro, Manuel Leyes, Alberto Gobbi e João Matheus Guimarães foram os palestrantes internacionais que estiveram presentes no segundo dia do 42.º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), encurtando a barreira geográfica que separa as práticas médicas de Ortopedia e Traumatologia nos vários cantos do globo.
A temática do “Tratamento não cirúrgico da osteoartrite do joelho” foi abordada por Yves Herontin, diretor do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação do Hospital Princess Paola Ifac, na Bélgica, que começou por destacar que “a osteoartrite do joelho, além de não ter cura, implica mais dores e incapacidade funcional do que qualquer outra doença musculoesquelética, acarretando também custos importantes para a sociedade”.
Por este motivo, a gestão do doente com esta patologia procura melhorar a qualidade de vida através de terapêuticas com poucos efeitos secundários, como os programas de exercício físico e controlo de peso associados a uma intervenção na dieta. Se os resultados não forem satisfatórios, terá de se optar pela administração de medicamentos.
Por sua vez, António Maestro, ortopedista no Hospital Begoña, em Gijón, Espanha, e antigo médico do Real Sporting de Gijón, colocou a lente sobre as particularidades da reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA), destacando que neste tipo de intervenção o maior desafio é conseguir reproduzir a anatomia e garantir que o atleta regressa à prática desportiva, mantendo o nível prévio à lesão.
Já Manuel Leyes, diretor da Leyes, Flores & Asociados clarificou a razão pela qual os enxertos osso-tendão-osso (OTO) continuam a ser considerados o gold standard, quando aplicados à reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) em atletas de elite, nomeadamente jogadores de futebol, ainda que constitua um problema com pouca expressão nas equipas. “A nossa experiência e as taxas de rutura associadas aos enxertos OTO levam-nos a concluir que esta é a técnica de eleição para tratar as lesões do LCA nos jogadores de elite. Ainda assim, deve-se associar uma cirurgia extra-articular e utilizar um enxerto com a maior espessura possível, além de recorrer a técnicas de serração dupla, tanto no fémur como na tíbia, para diminuir o risco de nova lesão no LCA”, apontou o especialista.
O presidente da OASI Bioresearch Foundation Gobbi N.P.O, em Itália, Alberto Gobbi recorreu à sua experiência de 25 anos no tratamento da cartilagem para refletir sobre o trabalho realizado nesta área de intervenção, contemplando a revisão de tópicos como a microfratura, a implantação autóloga de condrócitos, em particular o uso de uma membrana de aloenxerto, e ainda a utilização de células estaminais mesenquimais da medula óssea do próprio doente para implantar a membrana referida anteriormente.
Por fim, João Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e ortopedista no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad, no Rio de Janeiro, direcionou a sua invited lecture à resposta da questão “Fratura desviada do colo do fêmur em adultos jovens: Qual a melhor opção?”. “A preferência ainda recai na osteossíntese, apesar de implicar maior risco de complicações, comparativamente à artroplastia”, resumiu o presidente da SBOT, que aproveitou para identificar também os potenciais da artroplastia.