Hérnia Discal: o essencial a saber

Hérnia Discal: o essencial a saber

Daniela Roque, Interna de Ortopedia do Centro Hospitalar de Baixo Vouga

A coluna vertebral é composta por várias vértebras, e no interior existe um canal onde se encontra a medula espinhal. Entre cada duas vértebras existe um disco intervertebral, cuja função é amortecer e estabilizar a coluna.

A hérnia de disco é uma patologia onde o disco intervertebral sofre abaulamento. 

O disco intervertebral é uma estrutura de fibrocartilagem que pode ser ser lesionada pelo desgaste e sobrecarga ou por trauma, perdendo a sua função amortecedora e deformando-se, o que pode levar à compressão de outras estruturas que o rodeiam, por exemplo o canal vertebral ou pequenos buracos por onde emergem raízes nervosas.

Esses nervos que ficam “apertados” tem funções importantes como enervação de músculos (função motora) ou pele (função sensitiva). Se o disco deformado doente apertar estes nervos ou o canal vertebral, vão surgir sintomas como dor nas costas, sensação de formigueiro/ dormência ou parestesias. Além destes, também é muito comum os doentes queixarem-se de dor em queimadura ou choque elétrico na nádega, coxa, perna e pé – a dor em ciática. Nos casos mais avançados pode coexistir perda de força muscular, o que se traduz em dificuldade na marcha e alterações a nível do funcionamento da bexiga e intestino.

Estas ocorrem mais frequentemente no segmento lombar ou cervical da coluna. Os principais fatores de risco são a sobrecarga excessiva da coluna vertebral, vícios posturas, sedentarismo, obesidade, entre outros.

Para se diagnosticar uma hérnia discal, o seu ortopedista vai discutir com o doente o tipo de sintomas que apresenta e avaliar através do exame objetivo a integridade da função motora e sensibilidade, o que permite perceber que segmento da coluna estará afetado. Adicionalmente, existem exames complementares de diagnóstico relevantes que devem ser executados para confirmação do diagnóstico e classificação da doença – essencial para elaboração do plano terapêutico ou que tipo de tratamento será mais adequado na fase atual da doença. Estes são a Tomografia Axial Computorizada (TAC) ou da Ressonância Magnética Nuclear (RMN).

O tratamento desta patologia pode passar por uma estratégia conservadora sem recurso a cirurgia, através de repouso, medicação analgésica e anti-inflamatória, ortóteses ou dispositivos mobilizadores da coluna como colar cervical ou lombostato e apoio fisiátrico com esquema de fisioterapia.

Em casos mais graves, quando os sintomas persistem e limitam a qualidade de vida, em perda aguda da força muscular num membro ou perda de controlo urinário e intestinal pode ser necessário tratamento cirúrgico. Felizmente, estetem uma taxa de sucesso superior a 90%, com grande satisfação e melhoria na qualidade de vida dos doentes. No entanto, nenhum procedimento cirúrgico é livre de riscos, embora sejam extremamente raros.

O procedimento mais realizado é a microdiscectomia, que se foca na remoção do fragmento herniado que comprime as estruturas neurais circundantes. Esta pode ser realizada por uma abordagem tradicional ou minimamente invasiva.

Prática desportiva para reforço muscular, uma alimentação saudável, controlo do peso são ideais para evitar a sobrecarga sobre a coluna. Durante o dia-a-dia deve-se ter cuidado especial com a postura ao caminhar, sentado e a dormir assim como realizar elevação de pesos corretamente, mantendo as costas eretas. O mais importante em prevenir o desenvolvimento de hérnias discais começa pela adoção de um estilo de vida saudável.