03/11/2023
“Geriatria: o futuro que vale a pena” foi o tema que alavancou a sessão dinamizada pela Secção para o Estudo da Ortopedia Geriátrica (SEOGER), no 42.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT).
“A população idosa precisa de cuidados ortopédicos direcionados”, começou por referir Carlos Evangelista, coordenador da SEOGER, sublinhando a importância do ortopedista geriátrico olhar para o doente no seu todo, o que considera ser o aspeto diferenciador entre a Ortopedia Geriátrica e Ortopedia Geral.
A iniciativa seguiu com a intervenção de Rodrigo Lopes que focou na questão da infeção em Geriatria, nomeadamente nas infeções paralelas, como as da pele ou urinárias, ambas bastante comuns nos idosos, especialmente nos que necessitam de próteses.
De seguida, foi possível debater sobre a anca geriátrica, através de três apresentações, começando pela “Artroplastia dupla mobilidade – O segredo em geriatria”, guiada por Gonçalo Viana. “Criada originalmente para indivíduos jovens, por representar menos atrito, maior estabilidade e menor risco de luxação, constatou-se depois que tudo isso é o que se pretende num doente de idade avançada, que tem maior défice muscular, resultando em maior instabilidade da anca”, clarificou Carlos Evangelista ao recordar os tópicos destacados pelo orador.
Rodrigo Lopes focou-se, na preleção seguinte, na questão “Acetabulo press fit /com ou sem parafusos?”, onde Carlos Evangelista, fez questão de rever alguns cuidados que devem ser garantidos neste procedimento. “Ainda que as empresas comercializadoras garantam que a trabeculação acetabular tem um press fit muito bom logo em primeira instância, a fixação com parafusos pequenos, que evitem a rotação nos primeiros meses, é fundamental nos idosos”.
Para finalizar, antes ser dedicado um momento à discussão de ideias, foi ainda possível abordar os “Novos princípios para o encerramento cirúrgico”, com Nuno Pauleta. “Hoje em dia, sabe-se que o encerramento da ferida é muito importante, não só pelo aspeto estético, mas também para prevenção de infeções e melhor recuperação do doente”, sublinhou o coordenador do SEOGER.
Ainda sobre o último tema em destaque, Carlos Evangelista afirmou que a evolução registada no encerramento cirúrgico nos últimos anos tem contribuído para que existam “suturas contínuas, intradérmicas e barbadas que permitem um encerramento rápido e precoce, o que é particularmente importante no doente idoso”.
“A Ortogeriatria é a Ortopedia do futuro. A artrose será a patologia que dará a pior qualidade de vida nos próximos anos, assim, resolver a mobilidade dos séniores é um desafio global. O ser deve ser tratado como um todo e não como uma parte. A Ortogeriatria apresenta desafios diferentes para as mesmas lesões nos mais jovens, portanto, a Ortopedia tem de ser direcionada, dirigida para o indivíduo, e pessoal e integrativa”, concluiu Carlos Evangelista.