Secção da Anca promove discussões cruciais sobre artroplastia e trauma

08/11/2024

No 43.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, a Secção da Anca teve um papel de grande relevância, organizando e participando em três mesas redondas, incluindo uma partilhada com a Sociedade Portuguesa de Infeção Osteoarticular (SPIO) e outra com a European Hip Society (EHS). O coordenador da secção, Jorge Cruz de Melo, salientou a importância da colaboração e do caráter formativo do Congresso, especialmente para os jovens especialistas. “O nosso objetivo foi manter a forte colaboração entre as diversas Secções e Sociedades associadas, criando programas que atraíssem não só os sócios, mas também outros profissionais interessados na patologia osteoarticular”, explicou.

A secção organizou debates sobre temas-chave como a “Falência de Artroplastia Total da Anca”, a “Abordagem e Diagnóstico da Infeção em Artroplastia Total da Anca” e as “Fraturas ao Redor da Anca”. Estes tópicos foram escolhidos pela sua relevância na prática ortopédica moderna, abordando tanto as complicações frequentes como as mais raras e desafiantes.

Na mesa sobre “Falência de Artroplastia Total da Anca” discutiu-se o sucesso desta cirurgia, que se tornou uma das mais realizadas na Ortopedia, mas que, como todas as intervenções, apresenta riscos e complicações. “A artroplastia da anca é frequentemente considerada a cirurgia do século, devido ao seu elevado sucesso. Contudo, enfrentamos complicações que exigem planeamento cuidadoso e adaptação das soluções a cada paciente,” referiu. A mesa debateu a importância de identificar fatores de risco e de personalizar as abordagens cirúrgicas, focando também complicações como a instabilidade pós-PTA e as técnicas de revisão de implantes.

A mesa dedicada à “Abordagem e Diagnóstico da Infeção em Artroplastia Total da Anca”, realizada em colaboração com a SPIO, focou-se numa das complicações mais temidas da artroplastia: a infeção. Foram discutidas as dificuldades de diagnóstico, as estratégias de identificação do agente infecioso e as abordagens terapêuticas, que incluem tanto a cirurgia como a antibioterapia dirigida. “As infeções continuam a ser um dos maiores desafios na artroplastia, e é fundamental atualizar os critérios de diagnóstico e as melhores práticas,” afirmou o coordenador.

Já na mesa sobre “Fraturas ao Redor da Anca”, o foco foi o trauma, tanto em pacientes mais jovens, como em idosos com fragilidade óssea. Houve um destaque especial para as fraturas peritrocantéricas e acetabulares, onde foram discutidas as melhores indicações para artroplastia versus osteossíntese, e para as fraturas da cabeça do fémur, uma lesão rara, mas que merece atenção. “Temos assistido a uma evolução significativa no tratamento do trauma da anca, com novas tecnologias e abordagens cirúrgicas, mas há ainda áreas de incerteza e discussão,” referiu Jorge Cruz de Melo.

“Procurámos incluir jovens profissionais, proporcionando-lhes uma oportunidade de afirmação, partilha e reconhecimento. Esta proximidade gera uma maior inclusão e participação ativa no evento,” sublinhou o coordenador. O evento, além de um espaço de partilha de conhecimento, promoveu a interação e o debate sobre temas atuais e controversos, proporcionando aos participantes um momento de reflexão coletiva. No final, o sentimento geral foi de grande enriquecimento, tanto em termos de conhecimento como de reforço dos laços entre os profissionais da área. “Esperamos que todos os participantes saiam deste Congresso com novos conhecimentos e uma maior proximidade entre pares, fruto dos temas apresentados e dos momentos de partilha,” concluiu, reforçando o compromisso da Secção da Anca em continuar a promover o desenvolvimento da ortopedia em Portugal.