08/11/2024
No 43.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, a Secção de Biomecânica da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), coordenada por Francisco Flores Santos, realizou uma sessão dedicada a dois temas centrais para a prática ortopédica: a correção de deformidades dos membros inferiores e a aplicação prática dos conceitos biomecânicos. O evento foi composto por um curso pré-congresso a 6 de novembro e uma sessão formal a 8 de novembro, com o objetivo de fornecer ferramentas práticas aos participantes para enfrentar desafios complexos da Ortopedia.
“O tema da correção de deformidades do membro inferior foi escolhido porque ainda é uma área de grande complexidade, muitas vezes negligenciada na formação durante o internato complementar de Ortopedia”, explicou Francisco Flores Santos. “Queremos desmistificar o processo de avaliação e planeamento, para que os nossos colegas se sintam mais preparados e confiantes para abordar estes casos na prática clínica.”
O curso pré-congresso centrou-se na avaliação, planeamento e correção destas deformidades, oferecendo uma abordagem sistematizada que permitirá aos participantes adquirir noções práticas para lidar com casos complexos. “A ideia é preencher uma lacuna na formação dos ortopedistas, proporcionando uma base sólida e prática para que possam aplicar estes conhecimentos com confiança”, referiu Francisco Flores Santos.
A sessão de 8 de novembro foi dividida em duas partes. A primeira, dedicada à correção de deformidades decorrentes de complicações de trauma ortopédico, contou com a presença de um especialista estrangeiro, reconhecido pela sua vasta experiência nesta área. “É importante trazer especialistas internacionais para que partilhem as suas práticas e abordagens, ampliando o conhecimento disponível para os nossos profissionais”, destacou o coordenador.
Na segunda parte, o foco recaiu sobre a aplicação dos conceitos biomecânicos, tanto em contexto patológico como na prática desportiva. A colaboração de colegas da Fisiatria trouxe novas perspetivas sobre a análise de marcha, uma ferramenta essencial para a compreensão dos padrões de movimento e sua otimização em contextos de reabilitação e desporto. “Queremos que os ortopedistas vejam a biomecânica como uma ferramenta que pode melhorar a forma como avaliam e tratam os seus doentes, seja para tratar uma doença, seja para otimizar a performance desportiva”, frisou Francisco Flores Santos.
O objetivo da Secção de Biomecânica ao organizar esta sessão foi introduzir e sensibilizar os participantes para temas que muitas vezes são negligenciados na prática ortopédica em Portugal. “Poucos cirurgiões se dedicam à correção de deformidades complexas, e a biomecânica pura também é subvalorizada na prática clínica. Estas são áreas que podem, sem dúvida, melhorar a forma como tratamos os nossos doentes”, afirmou.
No final da sessão, os participantes saíram com uma compreensão mais aprofundada sobre como aplicar os princípios da biomecânica no seu trabalho diário. “Esperamos que esta sessão tenha proporcionado não só noções básicas sobre a correção de deformidades, mas também a confiança para abordar estes casos com uma perspetiva biomecânica. Desde o planeamento cirúrgico até à escolha de implantes, esta abordagem pode fazer a diferença na qualidade dos cuidados prestados”, concluiu Francisco Flores Santos.
A Secção de Biomecânica reforçou, assim, a importância da aplicação prática da biomecânica e da abordagem estruturada na correção de deformidades, com o objetivo de continuar a melhorar a qualidade da prática ortopédica em Portugal.
