Secção de Ortopedia Geriátrica destaca fraturas de fragilidade no 43.º Congresso da SPOT

08/11/2024

A Secção para o Estudo da Ortopedia Geriátrica, liderada por António Miranda, marcou uma presença significativa no 43.º Congresso Nacional de Ortopedia e Traumatologia, com uma sessão que destacou a importância crescente das fraturas de fragilidade nas idades avançadas. A secção, ainda recente na sua organização, aproveitou a oportunidade para se apresentar à comunidade ortopédica portuguesa e sublinhar a urgência de abordar estas lesões de forma mais estruturada e preventiva.

“Queremos dar-nos a conhecer e chamar a atenção para a realidade das fraturas de fragilidade nas idades avançadas. Estas situações têm um impacto tremendo, não só na vida dos doentes, mas também na vida da comunidade e nos recursos de saúde”, afirmou António Miranda. Durante a sessão, a troca de experiências entre centros de referência, que já implementaram boas práticas no tratamento destas fraturas, foi um dos pontos altos, com destaque para a partilha de soluções replicáveis noutros contextos clínicos.

Entre os tópicos debatidos, o foco incidiu sobre as fraturas do colo do fémur, uma das lesões mais frequentes e graves em doentes idosos, mas também sobre outras fraturas, como as do tornozelo. “Discutimos questões essenciais, como a decisão anestésica nestes doentes, que apresentam múltiplas fragilidades, e a importância de criar centros de Ortogeriatria dedicados”, acrescentou.

Para além do tratamento imediato, a sessão sublinhou a necessidade urgente de um enfoque mais profundo na prevenção. “Esperamos sobretudo chamar a atenção para tudo o que ainda há para fazer. Sabemos dos elevados custos, tanto financeiros como sociais, que estas fraturas implicam, e é fundamental agir sobre a prevenção, nomeadamente da osteoporose e das quedas”, frisou o coordenador da secção.

A sinalização precoce destes pacientes após a primeira fratura foi um dos principais alertas da sessão. “Mais de 75% das fraturas de fragilidade tratadas não são referenciadas para prevenção de uma segunda fratura, o que representa um problema grave de saúde pública onde os ortopedistas podem e devem ter um papel mais ativo”, destacou.

A sessão, que contou com uma audiência interessada e participativa, teve como objetivo não apenas informar, mas também despertar consciências. “Queremos estimular a criação de um percurso para os doentes com fraturas do colo do fémur, um protocolo aplicável nas várias instituições. A nossa mensagem é clara: é imperativo referenciar estes doentes para consultas de prevenção de fraturas e tratamento da osteoporose”, reforçou António Miranda, alertando para a necessidade de um maior foco na prevenção.

Com a sua participação no congresso, a Secção para o Estudo da Ortopedia Geriátrica espera ter contribuído para uma mudança de mentalidade na abordagem a esta problemática crescente, potenciando uma prática ortopédica mais preventiva e focada no bem-estar dos doentes idosos.