31/10/2024
No passado dia 29 de outubro de 2024, a Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT) organizou um webinar sobre “Necrose Avascular da Cabeça Femoral: Avanços recentes e perspetivas atuais”. O evento, moderado por Cruz de Melo (Porto Hip Unit) e Luís Pedro Vieira (ULS S. João), reuniu especialistas que tiveram a oportunidade de partilhar conhecimentos e novas abordagens para o tratamento desta condição debilitante.
O encontro virtual começou com uma introdução à Necrose Avascular da Cabeça Femoral, conduzida por Jorge Lopes, da ULS S. João, que contextualizou a patologia. “A Necrose Avascular da Cabeça Femoral refere-se a uma diminuição do aporte sanguíneo à cabeça do fémur, que por sua vez vai levar à morte celular. Podemos ter duas causas, as traumáticas e não traumáticas, e pode ter outras áreas de afetação”, começou por explicar o palestrante.
De seguida, Ana Ferrão, também da ULS S. José, refletiu sobre o papel do tratamento conservador. “O tratamento conservador não altera a progressão da doença, apenas está indicado em lesões pequenas e mediais, e em estádios precoces”, apontou a convidada. Além disso, acrescentou que “o resultado do tratamento não cirúrgico é incerto e são precisos mais estudos clínicos para podermos fazer tratamento isolado”.
Por sua vez, o segmento sobre tratamentos cirúrgicos foi dividido em várias apresentações, começando com Miguel Lopes, da ULS Barcelos/Esposende, que apresentou técnicas poupadoras, nomeadamente a descompressão de core, segundo os métodos de Ficat & Arlet e Ortobiológicos. Já Carlos Branco, da ULS Entre Douro e Vouga, seguiu com uma análise das técnicas de Artroscopia, Osteotomias e Enxertos Ósseos, e discutiu o seu papel na elevação dos resultados clínicos.
Por fim, João Boavida, do ULS Coimbra, abordou a Artroplastia como o único tratamento definitivo para casos graves de Necrose Avascular da Cabeça Femoral. “Queremos passar a mensagem que a Prótese Total da Anca (PTA) não é o elixir dos deuses, nem faz milagres em doentes com Necrose Avascular da Cabeça Femoral, inclusivamente na sua vida sexual. Assim, acreditamos se forem dois ou três anos sem prótese será algo positivo para o doente”.
O evento terminou com uma sessão de discussão, onde os moderadores fizeram uma revisão sobre os tópicos debatidos e desafios clínicos associados. A SPOT reforça a importância científica de iniciativas deste calibre, que promovem a atualização e troca de conhecimentos entre especialistas, garantindo um tratamento cada vez mais eficaz e atualizado para os doentes em território nacional.