Webinar esclarece quando, onde, quem e como biopsar tumores do aparelho locomotor

28/05/2025

A Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT) organizou, no dia 19 de maio, um novo webinar integrado no Programa de Apoio ao Internato de Ortopedia (P.A.I.O). A sessão incidiu numa abordagem aos tumores do aparelho locomotor, com destaque na biópsia: quando, onde, quem e como intervir.


O evento decorreu via Zoom, com início às 19 horas, e contou com a moderação de Vânia Oliveira da ULS de Santo António. O pico da sessão registou a presença de 382 participantes.


O webinar iniciou-se com a intervenção de Pedro Cardoso, da ULS de Santo António, que abordou a questão do momento ideal para realizar a biópsia. “Nos tumores ósseos, se quisermos excisar um osteocondroma, encondroma ou quisto, sem biopsar, podemos fazê-lo”, afirmou.


Seguiu-se uma intervenção dupla de Inês Balacó, do Hospital Pediátrico de Coimbra, e Luís Ferreira, radiologista, que discutiram os locais apropriados para a realização da biópsia, assim como esclareceram quem a deve realizar. “Ainda existem situações frequentes de sarcomas de tecidos moles que dificultam os procedimentos. Idealmente, todo o estadiamento deve ser feito num Centro de Oncologia”, acrescentou Inês. Já Luís Ferreira, aprofundou a avaliação biópsia, com foco na discussão multidisciplinar, avaliação pré-biópsia, trajeto da agulha e colheita de material, com alusão aos Centros de Referência.


A intervenção técnica sobre como biopsar ficou entregue a Joaquim Soares do Brito, do Hospital CUF Tejo, que partilhou a sua experiência na execução do procedimento e apresentou melhores técnicas a aplicar. “Uma biópsia bem desenhada e executada constitui um elemento-chave no processo integrado de diagnóstico e terapêutica dos tumores ósseos e das partes moles do aparelho musculoesquelético”, concluiu.


A última parte do webinar foi dedicada às situações em que a biópsia não é diagnóstica. Rúben Fonseca, da ULS Coimbra, abordou a complexidade da patologia, assim como as razões para biópsias não diagnósticas. “A heterogeneidade, raridade e necessidade de diagnóstico preciso são fundamentais para orientar em termos da terapêutica”, alertou.


Com intervenção alternada entre Rúben Fonseca e Rui Almeida, especialista em Anatomia Patológica, a discussão desenvolveu-se com razões inerentes ao tumor, problemas na amostra e estratégias para superar biópsias não diagnósticas. Com a apresentação de casos clínicos, ambos os especialistas avaliaram biópsias cirúrgicas, biópsias guiadas por ECO e biópsias guiadas por tomografia computorizada (TC).


Por fim, João Paulo Martins, da ULS Coimbra, interveio contextualizando o que são as cirurgias “whoops” em tecidos moles, que descreveu serem “realizadas sob a falsa premissa da benignidade”. “Quando existem lesões em massa abaixo da fáscia, com mais de cinco centímetros, há risco elevado de que sejam sarcomas, mesmo que indolores ou de crescimento lento”, destacou.
Com contributos de especialistas de várias áreas, o webinar reforçou a relevância de realizar biópsias de forma criteriosa, no tempo e contexto certos, garantindo a eficácia do diagnóstico e a segurança do doente.